sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sobre interpretação dos sonhos...





Roteiro

1-Introdução.
2- Uma breve cronologia da época de Freud.
3- Fragmentos da Pré-história dos sonhos.
4- Fragmentos da Teoria de Interpretação dos Sonhos.
5- Sonhos transcritos de um livro com a interpretação dada. Retirados do livro Interpretação dos Sonhos - Freud.
5.1- Relato de Freud de um sonho de um adulto.
5.2- Relato de Freud de um sonho de uma criança.
5.3- Relato de Freud de um sonho de uma senhora.
6-O significado simbólico dos sonhos e as origens dos nomes.
6.1-O significado simbólico dos sonhos.
6.2- Origens dos nomes.
7-Bibliografia.


1-Introdução

“O sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente”, escreveu Freud em sua obra-prima A Interpretação dos Sonhos (Die Traumdeutung) . O livro levou dois anos (1898 e 1899) para ser escrito e nele Freud edificou os principais fundamentos da teoria psicanalítica , constituindo como o ponto de apoio para todo o desenvolvimento posterior da sua obra.. Para Freud, a essência do sonho é a realização de um desejo infantil reprimido. E foi a partir desse princípio que ele elaborou as bases do método psicanalítico.

Antes de Freud, os sonhos eram considerados apenas símbolos, analisados como se fossem premonições ou manifestações divinas. Freud , por meio da análise dos sonhos, mostrou a existência do inconsciente e transformou algo tido pela ciência como o lixo do pensamento, no caso os sonhos, em um instrumento revelador da personalidade humana. Os sonhos mostram uma clara preferência pelas impressões dos dias imediatamente anteriores. Têm à sua disposição as impressões mais primitivas da nossa infância e até fazem surgir detalhes desse período de nossa vida que, mais uma vez, parecem-nos triviais e que, em nosso estado de vigília, acreditamos terem caído no esquecimento há muito tempo.

Para que um sonho seja interpretado é necessário que não tentemos entendê-lo de uma só vez, na sua totalidade, pois devido a ser formado no inconsciente só existe afetos e fragmentos da realidade, logo muito confuso no primeiro momento. Devemos dividi-lo em partes de acordo com o contexto do paciente e vamos decifrando-o lentamente sem adotar um critério cartesiano, pois o mesmo fragmento de um conteúdo pode ocultar um sentido diferente quando ocorre em várias pessoas ou em situações diferentes.

O sonho é justamente o fenômeno da vida psíquica normal em que os processos inconscientes da mente são revelados de forma bastante clara e acessível ao estudo. Na concepção freudiana, o sonho é um produto da atividade do Inconsciente e que tem sempre um sentido intencional, a saber: a realização ou a tentativa de realização - mais ou menos dissimulada, de uma tendência reprimida. Assim, os sonhos revelam a verdadeira natureza do homem, embora não toda a sua natureza, e constituem um meio de tornar o interior oculto da mente acessível a nosso conhecimento.

O sonho e as histéricas iniciam a psicanálise, dão-lhe, com Freud, o sopro inicial. Na Teoria dos Campos, é claro, também se pensa o sonho. Despertos, nossos atos, idéias, sentimentos arranjam-se segundo as linhas de força que, ao dormir, emergirão como um episódio onírico. Nossa identidade, com seus “Eus” em diálogo ou disputa, é composta de enredos que melhor se apreciam nos sonhos. As personagens de tais enredos povoam também nossa realidade, esgueirando-se entre os objetos do dia a dia, encarnando-se num amigo, numa pessoa que nos desperta a paixão, em nós mesmos. Sonho após sonho se fazem presentes; até que um desses nos permita interpretar seu sentido e despertar do sonho em que estávamos imersos.

O sonho pode deixar-nos tocar a rosa que vemos — e, ainda assim, estaremos sonhando. Existe um critério para determinar se estamos sonhando ou acordados, e esse é o critério puramente empírico do fato de acordarmos. Tudo o que experimentamos entre adormecer e acordar é ilusório quando, ao despertar, verificamos que estamos deitados na cama. Durante o sono, tomamos as imagens oníricas por imagens reais graças ao nosso hábito mental (que não pode ser adormecido) de supor a existência de um modo externo com o qual estabelecemos um contraste com o nosso ego.

Assim sendo, a interpretação dos sonhos desvela, sobretudo, os conteúdos mentais, pensamentos, dados e experiências que foram reprimidos ou recalcadas, excluídos da consciência pelas atividades de defesa do ego e superego e enviadas para o inconsciente. A parte do id cujo acesso à consciência foi impedido, é exatamente a que se encontra envolvida na origem das neuroses. Portanto, o interesse de Freud pelos sonhos teve origem no fato de constituírem eles processos normais, com os quais todos estão familiarizados, mas que exemplificam processos atuantes na formação dos sintomas neuróticos. Surge o sonho, via de regra, numa zona congestionada do entrelaçamento dos campos, de onde resulta que seu conteúdo exprima regras atinentes a distintos temas psíquicos simultaneamente; por isso não possui um só sentido latente, mas uma rede de significações emocionais, o sonho é um momento diagnóstico por excelência, identifica o sujeito.

Não é absurdo pedir explicações e associações ao paciente que conta um sonho, quer dizer, tratar o sonho como episódio distinto e fenômeno isolável. Faça isso quando achar oportuno, mas não se esqueça que a forma pela qual o sonho foi narrado e o conjunto inteiro das idéias que o cercam, ainda e sobretudo se não lhe parecem conectadas, são associações também, potencialmente. Com o sonhador, o analista sonha empaticamente, deixando-se levar pela iluminação que o sonho propicia, sem pressa, esperando que a precipitação insemine-lhe as idéias, para poder operar no mesmo ritmo do campo onírico.

O sonho é uma defesa do sono, a isso pode acrescentar-se que o sonho aberto, essa história visual que se vive de noite e se conta de dia, é a oportunidade para sair de um sonho, da surda corrente subterrânea dos temas de que o sonho trata, cuja lógica preside ocultamente a vigília, até que se possa manifestar num episódio constituído, ganhando estatuto de consciência. Segundo Freud, não existe nenhum fundamento nos fatos de que os sonhos tem o poder de adivinhar o futuro e nos sonhos não existem sentimentos morais.

Como existe uma forte tendência a se esquecer um sonho, por obra da resistência, e quase todos assim se perdem, a função do analista é também de recordação. Ele tem a função de manter o sonho à tona por um tempo mais longo do que espontaneamente se daria e por acompanhar seu movimento de disseminação e nova concentração, e não é uma tarefa fácil, pois em nós também operam resistências.

2- Uma breve cronologia da época de Freud

1856 - Em 6 de maio nasce Sigmund Freud, o fundador da psicanálise e autor da obra A Interpretação dos Sonhos, na cidade Freiberg, Morávia (hoje Pribor), na atual República Tcheca, então parte do Império Austríaco. Filho de Jacob Freud, comerciante de lãs, e de Amalia Nathanson, sua terceira esposa, é registrado com o nome Schlomo Sigismund. Aos 22 anos ele muda o prenome para Sigmund.

1873 - Freud ingressa na Universidade de Viena para estudar medicina. Forma-se oito anos depois. Nasce o psiquiatra e psicanalista húngaro Sandor Ferenczi, que virá a ser o discípulo preferido de Freud e também o clínico mais talentoso da história do freudismo. Nasce também Juliano Moreira, médico baiano que, depois de se formar em psiquiatria dinâmica na Europa, será um dos introdutores das idéias freudianas no Brasil.

1875 - Nasce o psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica Carl Gustav Jung. Fundador da escola de psicoterapia, especialista em psicoses e interessado pelo orientalismo, sua obra será tão abundante quanto a de Freud.

1876 - Freud desenvolve trabalhos em neurologia e fisiologia.

1879 - Nasce o psiquiatra e psicanalista inglês Ernest Jones, de grande importância para a história política do freudismo. Será o fundador da psicanálise na Grã-Bretanha e criador do Comitê Secreto, círculo formado por discípulos de Freud para discussões de temas ligados à psicanálise. Pioneiro da historiografia psicanalítica e da tradução inglesa da obra freudiana. Terá uma longa correspondência de 671 cartas com Freud. Fará um grande trabalho de implantação das idéias freudianas no Canadá e nos EUA.

1882 - É criada uma cátedra de clínica de doenças nervosas, da qual o médico e fisiologista francês Jean Martin Charcot é o titular. A neurologia passa assim a ser reconhecida como uma disciplina autônoma pela primeira vez. Charcot, ligado à história da histeria, da hipnose e das origens da psicanálise, é o último grande representante da psiquiatria dinâmica.

1885 - Freud viaja a Paris para iniciar um estágio com Charcot. Este terá papel fundamental na formação do jovem Sigmund. As várias cartas que trocaram estão traduzidas no livro "Lições da terça-feira".

1886 - Freud volta a Viena, onde se estabelece como médico e dirige o Departamento de Neurologia, primeiro instituto público para crianças. Entre 1886 e 1890 exerce medicina como especialista em doenças nervosas. Freud se casa com Martha Bernays, com quem terá 6 filhos. Anna Freud, a filha mais velha, se tornará psicanalista e fundará sua própria corrente. No ano seguinte, inicia estudos com hipnose.

1892 - Freud elabora o método das associações livres (técnica usada pela psicanálise na qual o paciente deve esforçar-se a dizer tudo que lhe vier à cabeça, principalmente aquilo que ele se sinta tentado a omitir).

1893 - Início da correspondência entre Freud e Wilhelm Fliess, seu amigo íntimo e médico voltado a estudos relacionados à sexualidade. A correspondência entre eles terá uma enorme importância no desenvolvimento de teoria psicanalítica de Freud. Charcot morre neste ano.

1895 - Publica com Josef Breuer Estudos sobre a Histeria. Freud faz a primeira interpretação de um sonho seu: "A injeção de Irma", que parece ser a encenação de um romance familiar das origens e da história da psicanálise.

1896- Surge pela primeira vez o termo psicanálise, para nomear um método específico da psicoterapia. No mesmo ano, a correspondência entre Fliess e Freud apresenta a expressão "aparelho psíquico" e seus três componentes: consciente, pré-consciente e inconsciente.

1897 - Através de correspondência com Wilhelm Fliess, Freud inicia o que ele chamaria de sua auto-análise. Freud escreve a Fliess dizendo que está abandonando a teoria da sedução, segundo a qual a principal causa das neuroses são os traumas causados nas crianças pelos adultos. Freud começa a redigir A Interpretação dos Sonhos. Primeira interpretação de Freud da tragédia de Édipo Rei, de Sófocles.

1899 - Publicação de A Interpretação dos Sonhos, de Freud (sua edição, porém, é datada de 1900).

1900 - Nasce o médico fundador da Sociedade Brasileira de Psicanálise, Durval Ballegardi Marcondes. Marcondes toma conhecimento das obras de Freud aos 20 anos.

1901 - Nasce o psiquiatra e psicanalista francês Jacques Lacan, responsável por reformular a obra freudiana, dando-lhe um caráter mais filosófico e tirando-lhe o substrato biológico. Lacan elaborará inúmeros conceitos (imaginário, simbólico, real, significante, sujeito, psicologia dos povos) que enriquecerão as formulações clínicas. Será considerado o único verdadeiro mestre psicanalista da França.

1902 - Criada a primeira sociedade psicanalista do mundo, em Viena, com o nome de Sociedade Psicológica das Quartas-Feiras.

1903 - Freud analisa uma criança de 5 anos. É a primeira psicanálise feita em crianças.

1906 - Início das correspondências entre Freud e Jung. Amigo e discípulo de Freud até 1913, Jung estabelece com ele uma forte correspondência que chegou a 359 cartas. Jung já tinha uma concepção de inconsciente e do psiquismo quando decidiu se aproximar de Freud. O que o levou ao pai da psicanálise foi o fascínio por uma obra na qual acreditava encontrar a confirmação de suas hipóteses sobre as idéias fixas subconscientes, as associações verbais e os complexos.

1907 - Jung cria a Sociedade Freud em Zurique. Mais tarde, esta se torna a Associação Psicanalítica de Zurique.

1908 - Sandor Ferenczi visita Freud pela primeira vez, depois de ler A Interpretação dos Sonhos. A partir deste encontro, trocam cerca de 1.200 cartas durante 25 anos. Acontece o Primeiro Congresso Internacional de Psicanálise em Salzburgo, com o título: "Encontro dos psicólogos freudianos". Neste congresso, em que 42 membros de 6 países estiveram presentes, Freud encontra-se com Ernest Jones pela primeira vez. Acontece também o Primeiro Congresso sobre Psicanálise em Salzburgo, Áustria. Hermine von Hug-Hellmuth se torna a primeira mulher psicanalista de crianças.

1910 - Criada a a International Psychoanalytical Association (IPA), no II Congresso Internacional de Psicanálise de Nuremberg, sendo Carl Jung eleito seu primeiro presidente. A IPA virá a ser uma organização internacional responsável por reunir as sociedades de diferentes países. O médico chileno German Greve apresenta as teses freudianas pela primeira vez na América Latina, em um congresso de medicina em Buenos Aires.

1912 - Ernest Jones cria a American Psycoanalytic Association (APsaA).

1913 - Início do conflito entre Jung e Freud, após Jung tentar convencer Freud a dessexualizar sua doutrina. O conflito resultará, mais tarde, na ruptura definitiva entre eles.

1920 - A filha mais velha de Freud, Sofia, veio a falecer e depois o seu neto, filho de Sofia.

1921 - No Brasil, em São Paulo, Durval Marcondes começa a se orientar para a psicanálise.

1923 – Costata um câncer no maxilar de Freud, o que o leva a 33 cirurgias e a perder o maxilar superior, tendo de instalar aí uma prótese para separar a boca. Primeira difusão das obras de Freud em espanhol na América Latina. Publica O Ego e o Id. Surgem os primeiros sinais de câncer de boca.

1924 - A Sociedade Psicanalítica de Moscou passa a ser filiada à IPA, apesar de não receber o apoio de Ernest Jones. A filiação é defendida por Freud desde 1922.

1925 - Instauram-se as regras da psicanálise didática, que devem ser seguidas por todos os integrantes da IPA. Freud publica a sua auto-biografia.

1927 - Durval Marcondes e Franco da Rocha criam, em São Paulo, a Sociedade Brasileira de Psicanálise, a primeira sociedade freudiana da América Latina. Inicia-se o conflito entre europeus e americanos quanto à admissão de não-médicos na IPA.

1928 - O conflito leva à fundação da Associação Médica de Psicanálise em Paris, reservada apenas aos médicos. A Associação jamais se filiará à IPA. Publicação da primeira revista brasileira de psicanálise, sob responsabilidade de Durval Ballegardi.

1929 - A Sociedade Brasileira de Psicanálise é admitida na IPA.

1933-1939 - A terminologia freudiana é banida do vocabulário da psiquiatria e da psicologia da Alemanha. A psicanálise é considerada como uma ciência judaica. Neste período há uma grande emigração de psicanalistas alemães para a Argentina, Inglaterra e Estados Unidos. Os livros de Freud são queimados na Alemanha.

1934 - Jung é denunciado por excluir judeus de uma sociedade composta por psiquiatras e psicoterapeutas. É o início da polêmica da adesão de Jung ao nazismo.

1935 - Muitos titulares judeus de sociedades de psicanálise têm que se demitir para "salvar a psicanálise na Alemanha".

1936 - Adelheid Lucy Koch vem ao Brasil. Ela é a primeira psicanalista didática, responsável por iniciar Durval Marcondes e outros na psicanálise. Também contribuirá para que a Sociedade Brasileira de Psicanálise seja reconhecida pela IPA.

1938 - Fugindo do nazismo, fixa residência em Londres com a esposa e filhos. Com a ascensão do nazismo, os seus livros são queimados em praça pública. Os nazistas revistam sua casa e levam seus objetos de coleção de antiguidades.
1939 - Em 23 de setembro, Freud morre de um câncer de mandíbula, do qual padeceu durante 16 anos.

Depois deste período ocorrem muitas controvérsias, resultando no desdobramento da psicanálise em várias correntes. Até 1997, o freudismo estaria implantado em 41 países do mundo. O país que mais possui psicanalistas por habitante é a França, seguido pela Argentina, a Suíça, os Estados Unidos e o Brasil.


3- Fragmentos da Pré-história dos sonhos

A visão pré-histórica dos sonhos sem dúvida ecoou na atitude adotada para com os sonhos pelos povos da Antiguidade clássica. Eles aceitavam como axiomático que os sonhos estavam relacionados com o mundo dos seres sobre-humanos nos quais acreditavam, e que constituíam revelações de deuses e demônios. Não havia dúvida, além disso, de que, para aquele que sonhava, os sonhos tinham uma finalidade importante, que era, via de regra, predizer o futuro. A extraordinária variedade no conteúdo dos sonhos e na impressão que produziam dificultava, todavia, ter deles qualquer visão uniforme, e tornava necessário classificá-los em numerosos grupos e subdivisões conforme sua importância e fidedignidade. A posição adotada perante os sonhos por filósofos isolados na Antiguidade dependia, naturalmente, até certo ponto, da atitude destes em relação à adivinhação em geral.

Nas duas obras de Aristóteles que versam sobre os sonhos, ele já se tornaram objeto de estudo psicológico. Informam-nos as referidas obras que os sonhos não são enviados pelos deuses e não são de natureza divina, mas que são “demoníacos”, visto que a natureza é “demoníaca”, e não divina. Os sonhos, em outras palavras, não decorrem de manifestações sobrenaturais, mas seguem as leis do espírito humano, embora este, é verdade, seja afim do divino. Definem-se os sonhos como a atividade mental de quem dorme, na medida em que esteja adormecido.

Aristóteles estava ciente de algumas características da vida onírica. Sabia, por exemplo, que os sonhos dão uma construção ampliada aos pequenos estímulos que surgem durante o sono. “Os homens pensam estar caminhando no meio do fogo e sentem um calor enorme, quando há apenas um pequeno aquecimento em certas partes.” E dessa circunstância infere ele a conclusão de que os sonhos podem muito bem revelar a um médico os primeiros sinais de alguma alteração corporal que não tenha sido observada na vigília.

Antes da época de Aristóteles, como sabemos, os antigos consideravam os sonho não como um produto da mente que sonhava, mas como algo introduzido por uma instância divina; e, já então, as duas correntes antagônicas que iremos encontrar influenciando as opiniões sobre a vida onírica em todos os períodos da história se faziam sentir. Traçou-se a distinção entre os sonhos verdadeiros e válidos, enviados ao indivíduo adormecido para adverti-lo ou predizer-lhe o futuro, e os sonhos vãos, falazes e destituídos de valor, cuja finalidade era desorientá-lo ou destruí-lo.

Nos sonhos está a verdade: nos sonhos aprendemos a conhecer-nos tal como somos, a despeito de todos os disfarces que usamos perante o mundo, sejam eles enobrecedores ou humilhantes. O homem honrado não pode cometer um crime nos sonhos, ou, se o fizer, ficará tão horrorizado com isso como com algo contrário à sua natureza. Um imperador romano poderia condenar à morte um homem que sonhara ter assassinado o governante pois estaria justificado em fazê-lo, se raciocinasse que os pensamentos que se têm nos sonhos também se têm quando em estado de vigília. A expressão corriqueira ‘eu nem sonharia em fazer tal coisa’ tem um significado duplamente correto, quando se refere a algo que não pode encontrar guarida em nosso coração nem em nossa mente. Platão, ao contrário, considerava que os melhores homens são aqueles que apenas sonham com o que os outros fazem em sua vida de vigília.

“É impossível pensar em qualquer ato de um sonho cuja motivação original não tenha passado, de um modo ou de outro — fosse como desejo, anseio ou impulso —, através da mente desperta.” Devemos admitir, prossegue Hildebrandt, que esse impulso original não foi inventado pelo sonho; o sonho simplesmente o copiou e desdobrou, meramente elaborou de forma dramática um fragmento de material histórico que encontrou em nós; meramente dramatizou as palavras do Apóstolo: “Todo aquele que odeia seu irmão é assassino.” [1 João 3, 15.] E embora, depois de acordarmos, conscientes da nossa força moral, possamos sorrir de toda a elaborada estrutura do sonho pecaminoso, mesmo assim o material original de que derivou a estrutura não conseguirá despertar um sorriso. Sentimo-nos responsáveis pelos erros do sonhador — não por sua totalidade, mas por uma certa percentagem. “Em suma, se compreendemos, nesse sentido quase incontestável, as palavras de Cristo, de que ‘do coração procedem os maus pensamentos’ [Mateus 15, 19], dificilmente escaparemos à convicção de que um pecado cometido num sonho traz em si pelo menos um mínimo obscuro de culpa.
Robert descreve os sonhos como “um processo somático de excreção do qual nos tornamos cônscios em nossa reação mental a ele”. Os sonhos são excreções de pensamentos que foram sufocados na origem. “Um homem privado da capacidade de sonhar ficaria, com o correr do tempo, mentalmente transtornado, pois uma grande massa de pensamentos incompletos e não elaborados e de impressões superficiais se acumularia em seu cérebro e, por seu grande volume, estaria fadada a sufocar os pensamentos que deveriam ser assimilados em sua memória como conjuntos completos.” Os sonhos servem de válvula de escape para o cérebro sobrecarregado. Possuem o poder de curar e aliviar.

Até meados do século XIX, os sonhos eram interpretados de acordo com os códigos das tradicionais "Chaves dos sonhos" que os viam como uma previsão do futuro. Seria necessária a intuição de alguns médicos alienistas e a audácia de alguns escritores para pressentir que o sonho fala sonhador sobre ele próprio. Mas antes de Freud, o conteúdo da mensagem permanecia indecifrável.

Por seu título e conteúdo, onde os sonhos são vistos como uma linguagem premonitória sobrenatural, ele se inscreve numa leitura tradicional do onírico. No passado, a leitura encontra sua fonte na crença de que os sonhos são enviados por Deus, pouco a pouco colado a uma dimensão mágica (na melhor das hipóteses) ou satânica (na pior). A etimologia da palavra "cauchemar" (pesadelo) é reveladora desse deslocamento, "cocher" significa em francês arcaico "chevaucher" (cavalgar): o corpo do sonhador possuído pelo pesadelo é cavalgado pelos demônios. Incluído nesse feixe de superstições, o sonho é estranho ao sonhador, ele é enviado por um "outro", cuja identidade não é nunca conhecida. Ele tem o papel de mensageiro que força a olhar o futuro através de seu prisma.

Esta vitalidade de práticas ligadas à superstição revela certa inércia de idéias. Ela prova um desconhecimento completo da natureza do imaginário noturno. Só a reflexão teológica sobre a responsabilidade moral do sonhador (assaltado de maus pensamentos ou de imagens eróticas que provocam ejaculações noturnas) tem o mérito de relacionar o indivíduo e o sonho que ele forma, tão estranhos um ao outro nas crenças populares.

Quanto ao povo, este recorre aos ciganos, que eram perseguidos por ler os sonhos e punidos pelo código penal com uma multa de onze a quinze francos e prisão de cinco dias em caso de reincidência.

No entanto, a moda da oniromancia declina na segunda metade do século. Várias razões podem, com cautela, ser levantadas. A mestiçagem das populações sob o efeito da revolução industrial e o êxodo rural que se segue contribuem para cortar a ligação com as crenças ancestrais. O progresso da instrução trabalha para desenraizar as superstições. A descristianização e recristianização contribuem ambas para matar a figura de Satã e seus acólitos.

Por fim, todo um arsenal legislativo reforça a proibição de interpretar sonhos suscetíveis de favorecer os delírios de grandeza e as revoltas. As adivinhadoras perdem assim seu mistério: elas não são mais perseguidas por exercício de bruxaria, mas por abuso de confiança. Uma precaução política que priva o sonho de toda qualidade sobrenatural, sem, por isso, lhe fornecer uma nova identidade.
Através da droga, atingir o sonho, uma escapada bem voluptuosa. Mas também se trata de ultrapassar a condição humana e alimentar a criação. "O haxixe será, para as impressões e os pensamentos familiares do homem, um espelho exacerbador, mas um puro espelho", escreve Baudelaire. A precisão da transcrição nos diários, as trocas epistolares, exprimem o interesse profundo e crescente pelo onírico. Essas narrativas desenham um caminho que leva à descoberta do inconsciente, mas ela é lenta pois vai de encontro às resistências cristalizadas em torno da suscetibilidade narcísica do sonhador.

Freud no livro A Interpretação dos Sonhos relatou, “É difícil escrever uma história do estudo científico dos problemas dos sonhos porque, por mais valioso que tenha sido esse estudo em alguns pontos, não se pode traçar nenhuma linha de progresso em qualquer direção específica. Não se lançou nenhum fundamento de descobertas seguras no qual um pesquisador posterior pudesse edificar algo; ao contrário, cada novo autor examina os mesmos problemas de novo e recomeça, por assim dizer, do início.”.

4-Fragmentos da teoria de intepretação dos sonhos

Foi no decorrer dos estudos psicanalíticos que Freud se deparou com a interpretação dos sonhos. Seus pacientes assumiram o compromisso de lhe comunicar todas as idéias ou pensamentos que lhes ocorressem em relação a um assunto específico, e entre outras coisas, narravam os seus sonhos. Assim ensinaram a Freud que o sonho pode ser inserido na cadeia psíquica a ser retrospectivamente rastreada na memória a partir de uma idéia patológica. Freud disse que todo psicólogo é obrigado a confessar até mesmo suas próprias fraquezas, se acreditar que assim lança luz sobre algum problema obscuro.

Enquanto Freud tratava Frau Emmy von N., em 1889-1890, descobriu que ela apresentava espontaneamente os seus sonhos um material descritivo significativo. Tendo já descoberto a transferência, a resistência e a necessidade de um ego autônomo em terapia, Freud abandonou a hipnose, que criava distorções e adicionava complicações a esses fatores essenciais, e voltou-se para a livre associação e o método que conhecemos como psicanálise. Freud usou então o sonho como ponto de partida para associações que, em última instância, conduziam até as idéias inconscientes que se ocultavam atrás de sintomas e sonhos e eram responsáveis por ambos. Pela primeira vez, o significado dos sonhos era cientificamente abordado.

Todo material que compõe o conteúdo de um sonho é derivado, de algum modo, da experiência, ou seja, foi reproduzido ou lembrado no sonho. É possível que surja, no conteúdo de um sonho, um material que, no estado de vigília, não reconheçamos como parte de nosso conhecimento de nossa vigília, ou de nossa experiência. Lembramo-nos, naturalmente, de ter sonhado com a coisa em questão, mas não conseguimos lembrar se, ou quando, a experimentamos na vida real. Ficamos assim em dúvida quanto à fonte a que recorreu o sonho e sentimo-nos tentados a crer que os sonhos possuem uma capacidade de produção independente. Então, finalmente, muitas vezes após um longo intervalo, alguma nova experiência relembra a recordação perdida do outro acontecimento e, ao mesmo tempo, revela a fonte do sonho. Somos assim levados a admitir que, no sonho, sabíamos e nos recordávamos de algo que estava além do alcance de nossa memória de vigília.

As emoções profundas da vida de vigília, as questões e os problemas pelos quais difundimos nossa principal energia mental voluntária, não são os que costumam se apresentar de imediato à consciência onírica. No que diz respeito ao passado imediato, são basicamente as impressões corriqueiras, casuais e `esquecidas’ da vida cotidiana que reaparecem em nossos sonhos. As atividades psíquicas mais intensamente despertas são as que dormem mais profundamente. Isso nos chama a atenção para o fato de os afetos nos sonhos não poderem ser julgados da mesma forma que o restante de seu conteúdo; e nos confrontamos com o problema de determinar que parte dos processos psíquicos que ocorrem nos sonhos deve ser tomada como real, isto é, que parte tem o direito de figurar entre os processos psíquicos da vida de vigília.

Existem quatro tipos de fontes de sonho:
1-Excitações sensoriais externas (objetivas): todo ruído indistintamente percebido provoca imagens oníricas correspondentes (ex.: trovoada, cantar de um galo, etc.…); sensações de frio, calor, etc.…(ex.: vontade de urinar, partes do corpo descobertas, etc..).
2-Excitações sensoriais internas (subjetivas) dos órgãos dos sentidos: excitações subjetivas da retina, alucinações hipnagógicas ou fenômenos visuais imaginativos.
3-Estímulos somáticos internos (orgânicos): distúrbios dos órgãos internos (ex.: causa sonhos de angústia)
4-Fontes psíquicas de estimulação : material importante para chegar no inconsciente, necessário para o tratamento psicanalítico.

Existem diversas causas para o nosso esquecimento dos sonhos. Geralmente esquecemos o que ocorre somente uma vez. Temos dificuldade em se lembrar o que é desordenado e confuso. Não damos importância significativa aos nosso sonhos. Consideramos o sonho algo enigmático e inexplicado.

Embora seja verdade que os sonhos devem uma parte do seu conteúdo ao evento mental corrente, o resíduo do dia não é suficiente para produzí-los. Um sonho só se forma quando o evento corrente estabelece contato com um impulso do passado, especificamente com um desejo infantil. A experiência subjetiva que aparece na consciência durante o sono e que, após o despertar, chamamos de sonho, é apenas o resultado final de uma atividade mental inconsciente durante esse processo fisiológico que, por sua natureza ou intensidade, ameaça interferir com o próprio sonho. Ao invés de acordar, a pessoa sonha. Dormimos porque sonhamos em vez de sonhamos porque dormimos.

Os sonhos das crianças pequenas são freqüentemente pura realização de desejos e são, nesse caso, muito desinteressantes se comparados com os sonhos dos adultos. Não levantam problemas para serem solucionados, mas, por outro lado, são de inestimável importância para provar que, em sua natureza essencial, os sonhos representam realizações de desejos. É possível que os sonhos aflitivos e os sonhos de angústia nos adultos, uma vez interpretados, revelem-se como realizações de desejos.

O sonho é a realização de um desejo, um temor realizado, uma reflexão ou uma lembrança. O sonho de conveniência, satisfaz seus desejos e necessidades. A transformação de representações em alucinações não é o único aspecto em que os sonhos diferem de pensamentos correspondentes na vida de vigília. Os sonhos constroem uma situação a partir dessas imagens; representam um fato que está realmente acontecendo, eles “dramatizam” uma idéia. Mas essa faceta da vida onírica só pode ser plenamente compreendida se reconhecermos, além disso, que nos sonhos — via de regra, pois há exceções que exigem um exame especial — parecemos não pensar, mas ter uma experiência: em outras palavras, atribuímos completa crença às alucinações. Somente ao despertarmos é que surge o comentário crítico de que não tivemos nenhuma experiência, mas estivemos apenas pensando de uma forma peculiar, ou, dito de outra maneira, sonhando. É essa característica que distingue os verdadeiros sonhos do devaneio, que nunca se confunde com a realidade.

Vamos ver um exemplo de sonho de desejo interpretado por Freud : Aventurei-me a interpretar — sem nenhuma análise, mas apenas por meio de um palpite — um pequeno episódio ocorrido com um amigo meu que freqüentara a mesma classe que eu durante todo o nosso curso secundário. Um dia, ele ouviu uma palestra que proferi perante um pequeno auditório sobre a idéia inédita de que os sonhos eram realizações de desejos. Foi para casa e sonhou que perdera todos os seus casos (ele era advogado), e depois me contestou nesse assunto. Fugi à questão, dizendo-lhe que, afinal de contas, não se podem ganhar todos os casos. Mas pensei comigo mesmo: “Considerando que, por oito anos a fio, sentei-me no banco da frente como primeiro da classe, enquanto ele ficava ali pelo meio, ele dificilmente pode deixar de alimentar um desejo, remanescente de seus tempos de escola, de que mais dia menos dia, eu venha a me tornar um completo fracasso.”

O trabalho do sonho está sujeito a uma espécie de exigência de combinar todas as fontes que agiram como estímulos ao sonho numa única unidade no próprio sonho. Os sonhos nunca dizem respeito a trivialidades: não permitimos que nosso sono seja perturbado por tolices. Os sonhos aparentemente inocentes revelam ser justamente o inverso quando nos damos ao trabalho de analisá-los. A fonte de um sonho pode ser:
a) Uma experiência recente e psiquicamente significativa, que é diretamente representada no sonho.
b) Várias experiências recentes e significativas, combinadas numa única unidade pelo sonho.
c) Uma ou mais experiências recentes e significativas, representadas no conteúdo do sonho pela menção a uma experiência contemporânea, mas irrelevante.
d) Uma experiência significativa interna (por exemplo, um lembrança ou um fluxo de idéias), que é, nesse caso, invariavelmente representada no sonho por uma menção a uma impressão recente, irrelevante.

Os sonhos muito freqüentes, por terem como tema a frustração de um desejo ou a ocorrência de algo claramente indesejado, podem ser reunidos sob o título de “sonhos com o oposto do desejo”. Estes sonhos podem ser elaborados, quando um paciente se encontra num estado de resistência ao analista. O segundo motivo para os sonhos com o oposto do desejo está estabelecido em um componente masoquista na constituição sexual de muitas pessoas, que decorre da inversão de um componente agressivo e sádico em seu oposto, pois os sonhos desprazerosos são, ainda assim, realizações de desejos, pois satisfazem suas inclinações masoquistas. Após estas explicações chegamos a conclusão que o sonho é uma realização (disfarçada) de um desejo (suprimido ou recalcado.)

Os sonhos de angústia são abordados como uma subespécie particular dos sonhos de conteúdo aflitivo. A angústia neurótica se origina da vida sexual e corresponde à libido que se desviou de sua finalidade e não encontrou aplicação. Os sonhos de angústia são sonhos de conteúdo sexual cuja respectiva libido se transformou em angústia. É também instrutivo considerar a relação desses sonhos com os sonhos de angústia. Um desejo recalcado encontrou um meio de fugir à censura — e à distorção que a censura implica. O resultado invariável disso é que se experimentam sentimentos dolorosos no sonho. Da mesma forma, os sonhos de angústia só ocorrem quando a censura é total ou parcialmente subjugada; e, por outro lado, a subjugação da censura é facilitada nos casos em que a angústia já foi produzida como uma sensação imediata decorrente de fontes somáticas. Assim, podemos ver claramente a finalidade para a qual a censura exerce sua função e promove a distorção dos sonhos: ela o faz para impedir a produção de angústia ou de outras formas de afeto aflitivo.

A “angústia de prestar exames” dos neuróticos deve sua intensificação a esses mesmos medos infantis. Os sonhos com o Vestibular geralmente ocorrem nas pessoas que tem sido aprovadas, e nunca nas que foram reprovadas nele.

Quando o sonho é do tipo que se chama “recorrente”, é quando o sujeito teve um sonho pela primeira vez na infância e depois ele reaparece constantemente, de tempos em tempos, durante o sono adulto.

Os sonhos típicos sobre a morte de parentes queridos, encontramos realizada a situação extremamente incomum de um pensamento onírico formado por um desejo recalcado (da morte), que foge inteiramente à censura e passa para o sonho sem modificação.
As fontes somáticas de estimulação durante o sono (isto é, as sensações durante o sono), a menos que sejam de intensidade incomum, desempenham na formação dos sonhos papel semelhante ao desempenhado pelas impressões recentes, mas irrelevantes, deixadas pelo dia anterior. Ou seja, creio que elas são introduzidas para ajudar na formação de um sonho caso se ajustem apropriadamente ao conteúdo de representações derivado das fontes psíquicas do sonho, mas não de outra forma. Dessa maneira, podemos explicar o fato de o conteúdo onírico proporcionado por estímulos somáticos de intensidade não incomum deixar de aparecer em todos os sonhos ou todas as noites.

Quando alguma coisa num sonho tem o caráter de discurso direto, isto é, quando é dita ou ouvida e não simplesmente pensada (e é fácil, em geral, estabelecer a distinção com segurança), então isso provém de algo realmente falado na vida de vigília — embora, por certo, esse algo seja meramente alterado e, mais especialmente, desligado de seu contexto.

O fenômeno da distorção dos sonhos: quando nós temos um sonho e não queremos interpretá-lo ou lembrá-lo é porque estamos tentando esconder ou não queremos enfrentar algo que estávamos combatendo, estava recalcado no nosso inconsciente. Nos casos em que a realização de desejo é irreconhecível, em que é disfarçada, deve ter havido alguma inclinação para se erguer uma defesa contra o desejo; e, graças a essa defesa, o desejo é incapaz de se expressar, a não ser de forma distorcida. Podemos, portanto, supor que os sonhos recebem sua forma em cada ser humano mediante a ação de duas forças psíquicas (ou podemos descrevê-las como correntes ou sistemas) e que uma dessas forças constrói o desejo que é expresso pelo sonho, enquanto a outra exerce uma censura sobre esse desejo onírico e, pelo emprego dessa censura, acarreta forçosamente uma distorção na expressão do desejo.

Quando temos em mente que os pensamentos oníricos latentes não são conscientes antes de se proceder a uma análise, ao passo que o conteúdo manifesto do sonho é conscientemente lembrado, parece plausível supor que o privilégio fruído pela segunda instância seja o de permitir que os pensamentos penetrem na consciência. Nada, ao que parece, pode atingir a consciência a partir do primeiro sistema sem passar pela segunda instância; e a segunda instância não permite que passe coisa alguma sem exercer seus direitos e fazer as modificações que julgue adequadas no pensamento que busca acesso à consciência. Convém notar que o afeto vivenciado no sonho pertence a seu conteúdo latente, e não ao conteúdo manifesto, e que o conteúdo afetivo do sonho permaneceu intocado pela distorção que se apoderou de seu conteúdo de representações.

Quando nos referimos aos sonhos num sentido teórico, temos em mente três entidades distintas: o sonho manifesto, os pensamentos oníricos latentes e o funcionamento do sonho. Aquilo que o paciente recorda e relata como o seu sonho, o sonho manifesto, é uma mensagem críptica que exige decifração. Subjacentes ao sonho manifesto estão idéias e sentimentos, alguns dos quais pertencem ao presente, alguns ao passado, alguns dos quais são pré-conscientes, outros inconscientes: é o conteúdo latente. Os pensamentos latentes, dão origem ao sonho manifesto, e estamos interessados no método pelo qual esses pensamentos latentes são transformados nas imagens recordadas como sonho. O conteúdo latente é a parte mais importante do sonho. Os pensamentos e desejos inconscientes que ameaçaram acordar a pessoa são denominados como conteúdo latente do sonho.. Toda a significação, desejos, problemas, neuroses e até predisposições psicóticas estão nesta parte. As operações mentais inconscientes por meio das quais o conteúdo latente do sonho se transforma em sonho manifesto, damos o nome de elaboração do sonho, também chamada dramatização. O processo responsável por essa transformação, que Freud considerava a parte essencial da atividade onírica, é o funcionamento do sonho.

A primeira coisa que se torna clara para quem quer que compare o conteúdo do sonho com os pensamentos oníricos é que ali se efetuou um trabalho de condensação em larga escala. Os sonhos são curtos, insuficientes e lacônicos em comparação com a gama e riqueza dos pensamentos oníricos. Se um sonho for escrito, talvez ocupe meia página. A análise que expõe os pensamentos oníricos subjacentes a ele poderá ocupar seis, oito ou doze vezes mais espaço. O que é claramente a essência dos pensamentos do sonho não precisa, de modo algum, ser representado no sonho. O sonho tem, por assim dizer, uma centração diferente dos pensamentos oníricos — seu conteúdo tem elementos diferentes como ponto central.

O que aparece nos sonhos, poderíamos supor, não é o que é importante nos pensamentos do sonho, mas o que neles ocorre repetidas vezes. No trabalho do sonho, está em ação uma força psíquica que, por um lado, despoja os elementos com alto valor psíquico de sua intensidade, e, por outro, por meio da sobredeterminação, cria, a partir de elementos de baixo valor psíquico, novos valores, que depois penetram no conteúdo do sonho. Assim sendo, ocorrem uma transferência e deslocamento de intensidade psíquicas no processo de formação do sonho, e é como resultado destes que se verifica a diferença entre o texto do conteúdo do sono e o dos pensamentos do sonho. O processo que estamos aqui presumindo é nada menos do que a parcela essencial do trabalho do sonho, merecendo ser descrito como o “deslocamento do sonho”. O deslocamento do sonho e a condensação do sonho são os dois fatores dominantes a cuja atividade podemos, em essência, atribuir a forma assumida pelos sonhos. A conseqüência do deslocamento é que o conteúdo do sonho não mais se assemelha ao núcleo dos pensamentos do sonho, e que este não apresenta mais do que uma distorção do desejo do sonho que existe no inconsciente. Na distorção do sonho, descobrimos sua origem está na censura que é exercida por uma instância psíquica da mente sobre outra. O deslocamento do sonho é um dos principais métodos pelos quais essa distorção é obtida. Podemos presumir, portanto, que o deslocamento do sonho se dá por influência da mesma censura — ou seja, a censura da defesa endopsíquica.

Os sonhos não têm a seu dispor meios de representar as relações lógicas entre os pensamentos do sonho. Em sua maioria, os sonhos desprezam todas essas conjunções, e é só o conteúdo substantivo dos pensamentos do sonho que eles dominam e manipulam. O que é reproduzido pelo aparente pensamento no sonho é o tema dos pensamentos do sonho e não as relações mútuas entre eles, cuja asserção constitui o pensamento. Quando ocorre uma contradição num sonho, ou ela é uma contradição do próprio sonho ou uma contradição oriunda do tema de um dos pensamentos do sonho. Uma contradição num sonho só pode corresponder a uma contradição entre os pensamentos do sonho de maneira extremamente indireta. Alguns sonhos desprezam completamente a seqüência lógica de seu material, outros tentam dar uma indicação tão completa quanto possível dela. Ao fazê-lo, os sonhos se afastam ora mais, ora menos amplamente do texto de que dispõem para manipular.

Nos sonhos a categoria dos contrários e dos contraditórios são simplesmente desconsideradas. O “não” não parece existir no que diz respeito aos sonhos. Eles mostram uma preferência particular por combinar os contrários numa unidade ou por representá-los como uma só coisa. Os sonhos se sentem livres, além disso, para representar qualquer elemento por seu oposto imaginário, de modo que não há maneira de decidir, à primeira vista, se qualquer elemento que admita um contrário está presente nos pensamentos do sonho como positivo ou negativo.

A imagem onírica pode ser composta de traços visuais pertencentes, na realidade, em parte a uma pessoa e em parte à outra. Ou, ainda, a participação da segunda pessoa na imagem onírica pode estar não em seus traços visuais, mas nos gestos que atribuímos a ela, nas palavras que a fazemos pronunciar, ou na situação em que a colocamos. Nesse último caso, a distinção entre a identificação e a construção de uma figura composta começa a perder sua nitidez.

Todo sonho versa sobre o próprio sonhador. Os sonhos são inteiramente egoístas. Sempre que nosso próprio ego não aparece no conteúdo do sonho, mas somente alguma pessoa estranha, podemos presumir com segurança que nosso próprio ego está oculto, por identificação, por trás dessa outra pessoa; posso inserir nosso ego no contexto. Em outras ocasiões, quando nosso ego de fato aparece no sonho, a situação em que isso ocorre pode ensinar-nos que alguma outra pessoa jaz oculta, por identificação, por trás de nosso ego. Uma conclusão no sonho representa uma conclusão nos pensamentos oníricos.

Um afeto experimentado num sonho não é de modo algum inferior a outro de igual intensidade sentido na vida de vigília. A análise nos mostra que o material de representações passou por deslocamentos e substituições, ao passo que os afetos permaneceram inalterados. A inibição do afeto, por conseguinte, deve ser considerada como a segunda conseqüência da censura dos sonhos, tal como a distorção onírica é sua primeira consequência.

Em geral, é necessário buscar outra fonte de pensamentos do sonho, uma fonte que esteja sob a pressão da censura. Em resultado dessa pressão, essa fonte normalmente produziria, não satisfação, mas o afeto contrário. Graças à presença da primeira fonte do afeto, porém, a segunda fonte fica habilitada a subtrair do recalque seu afeto de satisfação e a permitir que ele funcione como uma intensificação da satisfação da primeira fonte. Assim, parece que os afetos nos sonhos são alimentados por uma confluência de diversas fontes e sobredeterminados em sua referência ao material dos pensamentos oníricos. Durante o trabalho do sonho, as fontes de afeto passíveis de produzir o mesmo afeto unem-se para gerá-lo.

O sonho não só apresenta as formas e facetas de resistência, mas pode tornar-se um veículo para a expressão da força que se opõe à análise. A mesma resistência que usa o sonho para absorver uma hora inteira, fornece uma variação quando atrasa a apresentação para os últimos minutos. O analista não tem por que se sentir perdido quando um sonho é relatado tardiamente demais para que possa ser abordado na sessão.

A transferência, positiva ou negativa, pode converter-se numa fonte de resistência obstinada, sendo que uma e outra podem caminhar de mãos dadas. O impulso infantil inconsciente é suscetível de dotar a transferência de uma tal intensidade que a realidade da situação analítica será completamente obliterada e a aliança terapêutica viciada. Para que o trabalho da análise progrida, uma tal transferência, com suas implicações de resistência, tem de ser interpretada sem esperar que se definam as condições ótimas. Quando a transferência toca esse rumo, o sonho pode ajudar com aviso prévio da necessidade de interpretação antes do paciente representar dramaticamente a sua última resistência, abandonando a análise (vide caso Dora).

Quanto mais o paciente aprende da prática de interpretação de sonhos, mais obscuros, geralmente, se tornam seus sonhos posteriores. Os sonhos corroborativos, sua tradução simplesmente apresenta o que o tratamento já inferiu, durante os últimos dias, do material das associações diárias, é como se o paciente houvesse sido amável o bastante para trazer, sob forma onírica, o que lhe havíamos estado “sugerindo” antes. Porém a grande maioria dos sonhos antecipa-se à análise, de maneira que, após subtrair deles tudo que já é sabido e compreendido, resta ainda uma alusão mais ou menos clara a algo que até então estivera oculto.

Uma fantasia consiste num desejo inconsciente trabalhado pela capacidade do pensamento lógico a fim de dar origem a uma expressão disfarçada e a uma satisfação imaginária do desejo pulsional. O bebê sonha com seus desejos que se tornam em fantasias de suas expressões diretas das pulsões e impulsos, pois as pulsões dão origem às fantasias. No adulto, o simples fato de fantasiar é para fugir de realidades dolorosas.
Descrevemos o elemento dos pensamentos oníricos como uma “fantasia”. O “sonho diurno” [ou devaneio] é algo análogo a fantasia na vida de vigília. O estudo das psiconeuroses leva à surpreendente descoberta de que essas fantasias ou sonhos diurnos são os precursores imediatos dos sintomas histéricos, ou pelo menos de uma série deles. Os sintomas histéricos não estão ligados a lembranças reais, mas a fantasias construídas com base em lembranças. A função de “elaboração secundária” que atribuímos ao quarto dos fatores envolvidos na formação do conteúdo dos sonhos mostra-nos em ação, mais uma vez, a atividade que consegue ter livre vazão na criação de sonhos diurnos sem ser inibida por quaisquer outras influências. Poderíamos simplificar isso dizendo que este nosso quarto fator procura configurar o material que lhe é oferecido em algo semelhante a um sonho diurno. No entanto, se um desses sonhos diurnos já tiver sido formado na trama dos pensamentos oníricos, esse quarto fator do trabalho do sonho preferirá apossar-se do sonho diurno já pronto e procurará introduzi-lo no conteúdo do sonho. Há alguns sonhos que consistem meramente na repetição de uma fantasia diurna que talvez tenha permanecido inconsciente.

Tem sido demonstrado, por pesquisadores do sono e do sonho, que todas as pessoas sonham regularmente durante todo o seu período de sono. Por isso dizermos que o “sonho é o guardião do sono”. O sonho é o fiel guardião da nossa saúde psíquica, da nossa alegria de viver, uma vez que a vida não passa, em essência, de uma contínua procura de prazer, contrariada pela realidade (Teoria do Princípio do Prazer). As pessoas que “não sonham, quando analisadas, apresentam recalques afetivos profundos. Porém quando uma pessoa, efetivamente, não sonha, é porque possui problemas estruturais graves, ou seja, são psicóticas, e por isso difícil de serem analisadas. Os sonhos acordados surgem por meio de representações, que fantasiamos à nossa maneira, segundo o curso que damos às nossas fantasias.

A única maneira pela qual podemos descrever o que acontece nos sonhos alucinatórios é dizendo que a excitação se move em direção retrocedente. Em vez de se propagar para a extremidade motora do aparelho, ela se movimenta no sentido da extremidade sensorial e, por fim, atinge o sistema perceptivo. Se descrevermos como “progressiva” a direção tomada pelos processos psíquicos que brotam do inconsciente durante a vida de vigília, poderemos dizer que os sonhos têm um caráter “regressivo”.

Nossa discussão não pode ser levada adiante sem examinarmos o papel desempenhado pelos afetos nesses processos; neste contexto, porém, só podemos fazê-lo de modo imperfeito. Assim, presumamos que a supressão do Ics. seja necessária, acima de tudo, porque, se o curso das representações no Ics. ficasse por sua própria conta, geraria um afeto que foi originalmente de natureza prazerosa, mas tornou-se desprazeroso depois de ocorrido o processo de “recalcamento”. O propósito, bem como o resultado da supressão, é impedir essa liberação de desprazer. A supressão se estende ao conteúdo de representações do Ics., já que a liberação de desprazer pode começar a partir desse conteúdo. Isso pressupõe uma suposição bastante específica quanto à natureza da geração do afeto. A característica essencial dos sonhos de punição, portanto, seria que, em seu caso, o desejo formador do sonho não é um desejo inconsciente derivado do recalcado (do sistema Ics.), mas um desejo punitivo que reage contra este e pertence ao ego, embora seja, ao mesmo tempo, um desejo inconsciente (isto é, pré-consciente).

Caso se pergunte se é possível interpretar todos os sonhos, a resposta deve ser negativa. Não se deve esquecer que, na interpretação de um sonho, tem-se como oponentes as forças psíquicas que foram responsáveis por sua distorção.


5. Sonhos transcritos de um livro com a interpretação dada. Retirados do livro de "interpretação dos sonhos" - Freud

5.1- RELATO DE FREUD DE UM SONHO DE UM ADULTO

A paciente, um moça de pouca idade, assim começou: “Como o senhor deve estar lembrado, minha irmã só tem agora um menino — Karl; ela perdeu o filho mais velho, Otto, quando eu ainda morava com ela. Otto era meu favorito; de certa forma, eu o criei. Também gosto do menorzinho, mas, é claro, nem de longe tanto quanto gostava do que morreu. Então, ontem à noite, sonhei que via Karl morto diante de mim. Estava deitado em seu caixãozinho, com as mãos postas e velas a seu redor — de fato, exatamente como o pequeno Otto, cuja morte foi um golpe tão forte para mim. Agora me diga: que pode significar isso? O senhor me conhece. Será que sou uma pessoa tão má a ponto de desejar que minha irmã perca o único filho que ainda tem? Ou será que o sonho significa que eu preferiria que Karl estivesse morto, em vez de Otto, de quem eu gostava muito mais?”

Assegurei-lhe que esta última interpretação estava fora de cogitação. E, depois de refletir um pouco, pude dar-lhe a interpretação correta do sonho, posteriormente confirmada por ela. Pude fazê-lo porque estava familiarizado com toda a história prévia da autora do sonho.
Essa moça ficara órfã em tenra idade e fora criada na casa de uma irmã muito mais velha. Entre os amigos que freqüentavam a casa, havia um homem que deixou uma impressão duradoura em seu coração. Por algum tempo, pareceu que suas relações mal admitidas com ele levariam ao casamento, mas esse desenlace feliz foi reduzido a cinzas pela irmã, cujos motivos jamais foram plenamente explicados. Depois do rompimento, esse homem deixou de freqüentar a casa e, pouco depois da morte do pequeno Otto, para quem ela voltara sua afeição neste ínterim, minha paciente fixou residência própria sozinha. Não conseguiu, contudo, libertar-se de seu apego pelo amigo da irmã. Seu orgulho ordenava que o evitasse, mas ela não conseguiu transferir seu amor para nenhum dos outros admiradores que se apresentaram posteriormente. Sempre que se anunciava que o objeto de suas afeições, que era por profissão um homem de letras, ia proferir uma palestra em algum lugar, ela estava invariavelmente na platéia; e aproveitava todas as oportunidades possíveis de contemplá-lo à distância em campo neutro. Lembrei-me de que ela me dissera, na véspera, que o Professor iria a um certo concerto, e que ela pretendia ir também para ter o prazer de dar uma olhadela nele mais uma vez. Isso ocorrera na véspera do sonho, e o concerto iria realizar-se no dia em que ela o relatou a mim. Foi-me portanto fácil construir a interpretação correta, e perguntei-lhe se podia pensar em alguma coisa que tivesse acontecido após a morte do pequeno Otto. Ela respondeu de pronto: “Naturalmente; o Professor veio visitar-nos de novo depois de uma longa ausência e eu o vi mais uma vez ao lado do caixão do pequeno Otto.” Isso era exatamente o que eu esperava, e interpretei o sonho desta forma: “Se o outro menino morresse agora, aconteceria a mesma coisa. Você passaria o dia com sua irmã, e o Professor certamente viria apresentar seus pêsames, de modo que você o veria mais uma vez nas mesmas condições que na outra ocasião. O sonho significa apenas seu desejo de vê-lo mais uma vez, um desejo contra o qual você vem lutando internamente. Sei que você tem na bolsa uma entrada para o concerto de hoje. Seu sonho foi um sonho de impaciência: antecipou em algumas horas a visão que você vai ter dele hoje.”

5.2- RELATO DE FREUD DE UM SONHO DE UMA CRIANÇA

Uma criança com menos de quatro anos de idade contou ter sonhado que vira um prato enorme com um grande pedaço de carne assada e legumes. De repente, toda a carne foi comida — inteira e sem ser destrinchada. Ela não viu a pessoa que a comeu.

Quem teria sido a pessoa desconhecida cujo suntuoso banquete de carne constitui o tema do sonho do menininho? Suas experiências durante o dia do sonho devem esclarecer-nos sobre o assunto. Por ordem médica, ele fora submetido a uma dieta de leite nos últimos dias. Na noite do dia do sonho ele se mostrara travesso e, como castigo, fora mandado para a cama sem jantar. Ele já havia passado por essa cura pela fome numa ocasião anterior e se portara com muita bravura. Sabia que não conseguiria nada, mas não se permitia demonstrar, nem mesmo por uma única palavra, que estava com fome. A educação já começara a surtir efeito nele: encontrou expressão em seu sonho, que exibe o início da distorção onírica. Interpretação: Não há nenhuma dúvida de que a pessoa cujos desejos eram visados nessa generosa refeição — de carne, ainda por cima — era ele próprio. Mas, como sabia que isso não lhe era permitido, ele não se aventurou a sentar-se pessoalmente para desfrutar a refeição, como fazem as crianças famintas nos sonhos. A pessoa que se serviu da refeição permaneceu no anonimato.

5.3- RELATO DE FREUD DE UM SONHO DE UMA SENHORA


Quando jovem ela se destacara por sua inteligência viva e sua disposição alegre; e essas características ainda podiam ser observadas, pelo menos nas idéias que lhe ocorriam durante o tratamento. No decorrer de um sonho um tanto longo, essa senhora imaginou ver sua única filha, de quinze anos de idade, morta “numa caixa”. Estava parcialmente inclinada a utilizar essa cena como uma objeção à teoria da realização dos desejos, embora ela própria suspeitasse de que o detalhe da “caixa” devia estar apontando para outra visão do sonho.

No decorrer da análise, ela lembrou que, numa reunião na noite anterior, falara-se um pouco sobre a palavra inglesa “box” e as várias formas pelas quais se poderia traduzi-la em alemão — tais como “Schachtel” [“caixa”] “Loge” [“camarote de teatro”], Kasten [arca], “Ohrfeige” [“murro no ouvido”], e assim por diante. Outras partes do mesmo sonho nos permitiram descobrir ainda que ela havia pensado que “box”, em inglês, se relacionava mesmo com o “Büchse” [“receptáculo”] em alemão, e que depois fora atormentada pela lembrança de que “Büchse” é empregado como termo vulgar para designar os órgãos genitais femininos. Fazendo uma certa concessão aos limites de seus conhecimentos de anatomia topográfica, poder-se-ia presumir, portanto, que a criança que jazia na caixa significava um embrião no útero. Após ter sido esclarecida quanto a esse ponto, ela não mais negou que a imagem onírica correspondesse a um desejo seu. Interpretação: Como tantas jovens casadas, ela não ficara nada satisfeita ao engravidar, e, mais de uma vez, tinha-se permitido desejar que a criança que trazia no ventre morresse. De fato, num acesso de cólera após uma cena violenta com o marido, ela batera com os punhos cerrados no próprio corpo para atingir a criança lá dentro.
Dessa forma, a criança morta era de fato a realização de um desejo, mas de um desejo que fora posto de lado quinze anos antes. Dificilmente se pode ficar admirado com o fato de um desejo realizado após uma demora tão prolongada não ser reconhecido. Muitas coisas haviam mudado nesse intervalo.

6- Relato de um sonho com a interepretação dada

6.1-O SEGUNDO SONHO DE DORA (FREUD, OBRAS PSICOLÓGICAS COMPLETAS -VOLUME VII)

Algumas semanas depois do primeiro sonho ocorreu o segundo, com cuja resolução interrompeu-se a análise. O estado anímico de Dora, preencheu uma lacuna de sua memória e permitiu obter um profundo conhecimento da gênese de outro de seus.
“Eu estava passeando por uma cidade que não conhecia, vendo ruas e praças que me eram estranhas. Cheguei então a uma casa onde eu morava, fui até meu quarto e ali encontrei uma carta de mamãe. Dizia que, como eu saíra de casa sem o conhecimento de meus pais, ela não quisera escrever-me que papai estava doente. `Agora ele morreu e, se quiser, você pode vir.’ Fui então para a estação [Bahnhof] e perguntei umas cem vezes: `Onde fica a estação?’ Recebia sempre a resposta: `Cinco minutos.’ Vi depois à minha frente um bosque espesso no qual penetrei, e ali fiz a pergunta a um homem que encontrei. Disse-me: `Mais duas horas e meia.’ Pediu-me que o deixasse acompanhar-me. Recusei e fui sozinha. Vi a estação à minha frente e não conseguia alcança-la. Aí me veio o sentimento habitual de angústia de quando, nos sonhos, não se consegue ir adiante. Depois, eu estava em casa; nesse meio tempo, tinha de ter viajado, mas nada sei sobre isso. Dirigi-me à portaria e perguntei ao porteiro por nossa casa. A criada abriu para mim e respondeu: `A mamãe e os outros já estão no cemitério [Friedhof]’”.

Carta despedida Dora; A cena do Lago; O pai morto sem repressão
…Com isso chegamos ao conteúdo da carta no sonho. O pai estava morto e ela saíra de casa por seu próprio arbítrio. A partir dessa carta, relembrei prontamente a Dora a carta de despedida que ela escrevera aos pais, ou que pelo menos fora composta para eles . Essa carta se destinava a dar um susto no pai para que ele desistisse da Sra. K., ou pelo menos a se vingar dele, caso não fosse possível induzi-lo a isso. Estamos diante do tema da morte dela ou da morte do pai (cf. cemitério, mais adiante no sonho). Acaso estaremos no caminho errado ao supor que a situação constitutiva da fachada do sonho correspondia a uma fantasia de vingança contra o pai? ...De onde proviria a frase “se você quiser”? A propósito disso ocorreu a Dora o adendo de que, depois da palavra “quiser”, havia um ponto de interrogação, e com isso ela também reconheceu essas palavras como uma citação extraída da carta da Sra. K. que contivera o convite para L (o lugar junto ao lago). De maneira estranhíssima, após a intercalação “se você quiser vir”, havia nessa carta um ponto de interrogação colocado bem no meio da frase.

Assim, estamos outra vez de volta à cena do lago e aos enigmas ligados a ela. Pedi a Dora que me descrevesse essa cena minuciosamente...Mal compreendeu do que se tratava, deu-lhe uma bofetada no rosto e se afastou às pressas. Eu queria saber que palavras ele empregara, mas Dora só se lembrou de uma de suas alegações: “Sabe, não tenho nada com minha mulher.” Naquele momento, para não tornar a encontrá-lo, ela quisera voltar para L contornando o lago a pé, e perguntou a um homem com quem cruzou a que distância ficava. Ante a resposta “duas horas e meia”, desistiu dessa intenção e voltou em busca do barco, que partiu logo depois. O Sr. K. também estava lá novamente, aproximou-se dela e lhe pediu que o desculpasse e não contasse nada sobre o incidente. ...O pai estava morto e os demais já tinham ido para o cemitério. Ela podia ler calmamente o que bem lhe aprouvesse. Não significaria isso que uma de suas razões para a vingança era também a revolta contra a coerção exercida pelos pais? Se seu pai estivesse morto, ela poderia ler ou amar como quisesse.

A governanta do Sr.K e a última seção de Dora
Agora conheço o motivo daquela bofetada com que você respondeu à proposta do Sr. K. Não foi a afronta pela impertinência dele, mas uma vingança por ciúme. Quando a mocinha lhe contou sua história, você ainda pôde valer-se de sua arte de pôr de lado tudo o que não convinha a seus sentimentos. Mas no momento em que o Sr. K. usou as palavras “Não tenho nada com minha mulher”, que ele também dissera à senhorita, novas emoções foram despertadas em você e fizeram pender a balança. Você disse a si mesma: “Como se atreve ele a me tratar como uma governanta, uma serviçal?” A esse orgulho ferido somaram-se o ciúme e os motivos de prudência conscientes: definitivamente, era demais. Para provar o quanto você ficou impressionada com a história da governanta, relembro suas repetidas identificações com ela no sonho e em sua própria conduta. Você contou a seus pais, o que até aqui não havíamos compreendido, tal como a moça escreveu aos pais dela. Está-se despedíndo de mim como uma governanta, com um aviso prévio de quatorze dias. ...Você compreendeu muito bem a pobre moça. Ela não queria ir-se de imediato porque ainda tinha esperanças, porque esperava que o Sr. K. voltasse a lhe dar sua ternura. Esse deve ter sido também o seu motivo. Você aguardou esse prazo para ver se ele renovaria suas propostas; daí teria concluído que ele estava agindo a sério, e que não queria brincar com você como fizera com a governanta....Será que não pensou que ele queria divorciar-se da mulher para se casar com você.... As relações entre seu pai e a Sra. K., que provavelmente você só apoiou por tanto tempo por causa disso, davam-lhe a certeza de que se conseguiria o consentimento da mulher para o divórcio, e com seu pai você consegue o que quer. Na verdade, se a tentação em L houvesse tido outro desfecho, essa teria sido a única solução possível para todas as partes. Penso também que por isso você lamentou tanto o outro desenlace e o corrigiu na fantasia que se apresentou como uma apendicite. Assim, deve ter sido uma grande decepção para você que, em vez de uma proposta renovada, suas acusações tenham tido como resultado as negativas e as calúnias do Sr. K. Você admite que nada a enfurece mais do que acreditarem que você imaginou a cena do lago . Agora sei do que é que não quer ser lembrada: é de ter imaginado que a proposta estava sendo feita a sério e que o Sr. K. não desistiria até que você se casasse com ele.

6.2-O SIGNIFICADO SIMBÓLICO DOS SONHOS

- Sentimento convicto de que já se esteve em um lugar antes: esses lugares são, invariavelmente, os órgãos genitais da mãe de quem sonha.
- Atravessar espaços estreitos ou estar na água: baseiam-se em fantasias da vida intra-uterina, da existência no ventre e do ato do nascimento.
- Morte de um ente querido: desejo de que a pessoa em questão venha a morrer.
- Sonhos de estar despido: sonhos de exibição.
- Reis, príncipe, princesa ou personalidades: pais do sonhador.
- Chama (fogo), gravata, meninos pequenos, cobra, peixe, caracol, rato, aviões, foguetes, número 3,edificios, torres, igrejas, monolito, mirantes, armas (facas, espadas, etc..), objetos que expelem líquidos (torneiras, fontes, etc..), lâmpadas que pendem do teto, batom extensível, telescópios, antenas de automóvel, lápis, canetas, lixas de unhas, foguetes, balões, papagaios, pássaros, cogumelo, trevo de quatro folhas : símbolo sexual masculino, penis.
- Estojos, caixas, estufas, cavernas, paisagens, bosques, barcos, habitações, máquinas, aparelhos, chapéu ou agasalho feminino, peles, moitas, grupo de árvores, barba, portas, “O” zero, “doce”, “pote de mel”, “gatinha”, caracóis, gato, jóias, boca, ferradura, coroa, covas, vasos, garrafas, bolsos, sapatos, chinelos, lareira : corpo feminino, ou seu órgão sexual.
- Várias habitações : harém ou lugar de prostituição.
- Duas habitações : teoria infantil da cloaca ( quando o menino supõe que o órgão sexual feminino se confunde com o ânus).
- Subindo ou descendo uma escada : ato sexual
- Paredes e muros lisos pelos quais subimos: lembrança infantil de subir pelas pernas dos pais.
- Muros lisos : homens.
- Mesas, tábuas e madeira: mulheres
- Cama e mesa ; ato de comer alimentos: matrimonio.
- Brincar com crianças pequenas, dar-lhes golpes, acariciá-las, etc.…: masturbação
- Calvície, cortar cabelos, extração ou queda de dentes, decapitação : complexo de castração.
- Lagartixa, quando um dos símbolos penianos aparecem mutilados: medo preventivo da castração.
- Animais pequenos e parasitas: irmãozinhos pequenos que vieram perturbar com o seu nascimento.
- Número 9,Corpo invadido por parasitas, tumor, canguru, gambá, vaca, hipopótamo, camelo : gravidez
- O caminho direito: deve seguir
- O caminho esquerdo, urinar sobre uma fogueira, fantasia da falta de lactação: homossexualidade, incesto.
- Animais selvagens: instintos ou paixões perversas.
- Loteria (um estado de felicidade de curta duração): casamento
- Água : símbolo de gente, multidões.
- Serpentes enroscada: grandes fezes.
- Órgãos sexuais: o próprio sonhador com uma visão pejorativa.
- Armários, fogões, quartos: útero.
- Maçãs, pêras, frutas, irmãos : nádegas.
- Irmãs: seios.
- Roupas íntimas e roupas brancas, flores, : símbolos femininos.
- Abacaxi: seio negado.
- Banana: natureza fálica.
- Planos, mapas, gráficos, diagramas: corpo humano com os órgãos genitais.
- Bagagem: encargo de família.
- Tocar piano, escorregar, desfolhar um galho, número 5: masturbação.
- Dançar, cavalgar, subir ou descer escadas, portas estreitas, escadas altas e íngremes: relações sexuais.
- Ser atropelado, experiências violentas: ameaça com armas.
- Ser machucado, surrado, torturado, baleado, crucificado, assassinado: sadomasoquismo.
- Ouro, ovos: fezes.
- Dinheiro: amor ou pagamento para fazer sexo.
- Aranhas : mãe fálica.
- Nadar: na infância urinava na cama.
- Lugar que acredita já ter estado ali: órgãos sexuais da mãe do sonhador.
- Palidez, viagem, emudecimento, esconder-se, vazio, escuridão, feiúra, desordem, sujeira, excrementos secos de animais: morte
- Viagem: lua-de-mel.
- Viagem ao desconhecido: processo de psicanálise.
- Desejo de matar ou de suicídio: cuidado um sentimento forte de matar ou morrer.
- Placa de veículos: ano do evento.
- Roupas e uniformes: nudez.
- Ônibus: conduz outras pessoas da família ao analista.
- Mártir, santos, demônios : sua neurose.
- Olhar no espelho: olhar para si mesmos.

6.3- ORIGENS DOS NOMES

A
- Abílio: do Latim o significado "apto, capaz", do grego "aquele que é incapaz da vingança".
- Adalberto: do Teutônico "notório fulgurante", este nome apresenta muitas variações, como
Alberto, Etelberto, Oberto.
- Adão: do Hebreu "homem feito de argila vermelha.
- Adelaide: do Teutônico "de linhagem nobre".
- Ademar: do Teutônico "glorioso guerreiro".
- Adolfo: do Teutônico "nobre lobo".
- Afonso: do Teutônico "guerreiro de ânimo combativo".
- Agostinho: do Latim "da família dos Augustos".
- Alan: do Gaelico "gracioso agradável".
- Alessandro(a): variante Italiana de Alexandre.
- Alexandre(a): do Elenico "protetor e defensor do genero humano".
- Alice : do Grego "verídica, autêntica".
- Álvaro: do Teutônico "o que a todos esta atento".
- Amélia : do gótico "trabalhadora".
- Ana: do Hebreu "cheia de graça", "que tem compaixão, clemência".
- Anderson: do inglês "filho de André".
- André: do grego "másculo, varão".
- Angélica: do latim "como um anjo, pura".
- Antônio: provavelmente de origem etrusca, seu significado perdeu-se no tempo.
- Aparecida: homenagem à virgem Maria,que apareceu nas águas de um rio.
- Arlete: do celta "garantia, penhor".
- Augusto: do latim "O venerado", "O sublime", "O máximo".
B
- Baltasar: do Hebraico "Que o deus Baal proteja o rei".
- Bárbara: palavra usada na antiguidade para designar os que não pertenciam ao império greco-romano".
- Basílio: do grego "Rei".
- Batista: do grego "aquele que batiza".
- Beatriz: do latim "bem - aventurada".
- Benedito: do latim "bendito", "abençoado".
- Benjamim: do hebraico "filho da mão direita".
- Bianca: do Teutônico "branca".
- Bruno: do germânico "luminoso, brilhante".
C
- Caio: do latim "feliz, alegre".
- Cândido(a): do latim "puro, alvo".
- Carina: do grego "gracioso, engraçado".
- Carlos(Carla): do latim "homem, viril".
- Carol: variedade de Carlos.
- Cássio(a): do latim "distinto, ilustrado, sábio".
- Catarina: do grego "pura, imaculada".
- Cecília: do etrusco "cega, ceguinha".
- Cíntia: do latim "natural de Cinto".
- Clara: do latim "brilhante, luzente, ilustre".
- Cláudio(a): do latim "coxo, manco".
- Clóvis: do teutônico "guerreiro famoso".
- Cremilda: do germânico "que planeja com capacete".
- Cristiano(a): do grego "Seguidor de Cristo"
D
- Dácio: do helênico "antiga região localizada ao norte do Danúbio".
- Daniel: do hebraico "Deus é meu juiz".
- Davi(d): do hebraico "amado, respeitado".
- Débora: do hebraico "abelha".
- Dirce: do helênico "fonte, água turva".
- Dora: do helênico "Dádiva, presente".
- Douglas: do escocês "rio preto, água escuro".
- Dulce: do latim "doce, tenra, meiga".
E
- Edelina: do alemão "bem humorada".
- Edgard: do alemão "próspero".
- Edson: do inglês "filho de Eduardo".
- Elaine: do inglês “filho de Helena”
- Eli: do hebraico "Jeová".
- Elias: do hebraico "Meu Deus é Jeová".
- Elizabeth: do hebraico "consagrada por Deus".
- Elza: do alemão "a nobre virgem".
- Erica: do norueguês "constantemente possante".
- Estela: do latim "estrela".
- Ezequiel: do hebraico "força de Deus".
F
- Fabiano(a): do latim "fava que cresce".
- Fábio: do latim "fava".
- Fabricio: do latim "o operário, o fabricante".
- Fátima: do árabe "donzela esplendida".
- Fernando(a): do alemão "inteligente, protetor".
- Filipe: "aquele que gosta de cavalos".
- Flávio(a): do latim "louro, cor de ouro".
- Francisco: do latim "francês".
G
- Gabriel: do hebraico "força de Deus".
- George: do grego "agricultor".
- Geraldo(a): do alemão "nobre através da lança".
- Gerson: do hebraico "estrangeiro, peregrino".
- Gilberto(a): do alemão "famoso com a flecha".
- Gisela(e): do alemão "garantia, penhor".
- Guilherme: do alemão "protetor, defensor".
- Gustavo: do sueco "bastão de combate".
H
- Hamilton: do inglês "de aparência orgulhosa".
- Hebe: do grego "juventude, mocidade".
- Heitor: do grego "mantenedor da vitória".
- Helena: do grego "tocha, luz, luminosa".
- Hélio: do grego "sol".
- Heloísa: variante de Luiza.
- Henrique: do alemão "príncipe, poderoso".
- Honório: do latim "que inspira honra".
- Horácio: do latim "visível, evidente".
- Hortênsia: do latim "horticultor".
- Hugo: do alemão "pensamento, espirito, razão".
- Humberto: do alemão "espirito brilhante".
I
- Iara: do tupi "Senhora, dona das águas".
- Ieda: do hebraico "favo de mel".
- Igor: do russo "filho famoso, defensor".
- Inácio: do latim "ardente, fogoso".
- Inês: do grego "pura, casta".
- Iolanda: do grego "violeta, roxo".
- Íris: do grego "anunciar".
- Ivã: do búlgaro "O glorioso".
J
- Jacinto: do grego "nome de uma pedra preciosa".
- Jaime: do espanhol "variedade popular de Jacó."
- Janaína: do tupi-africano "sinônimo de Iemanjá".
- Jerônimo: do grego "nome sagrado ou santo".
- Jéssica: do hebraico "Deus é a salvação".
- Jesus: do hebraico "Deus é a salvação".
- Juca: forma diminutiva de José.
- Juliano(a): do latim "que pertence a Júlio".
- Julieta: diminutivo de Júlia.
- Júlio: do latim "cheio de juventude", do grego "de cabelos pretos, cabelos macios".
K
- Kelly: do irlandês "donzela guerreira."
- Kelvin: do inglês "amigo", do gaélico "rio estreito".
L
- Laís: do grego "a democrática", do hebraico "a leoa".
- Lauro: do latim "vitória, louvor".
- Leandro: do grego "homem-leão".
- Leda: do latim "alegre, contente, jovial, risonha".
- Leonardo: do alemão "homens fortes, forte como o leão".
- Leonel: do francês "leão novo, filhote de leão".
- Leopoldo: do alemão "povo audacioso".
- Letícia: do latim "alegria".
- Lídia: do grego "irmã".
- Lilian :do latim "lírico".
- Lucas: do latim "luminoso".
- Luciano(a): forma derivada de Lúcio.
- Luis(a): do alemão "guerreiro famoso, glorioso".
- Lurdes: do basco "altura escarpada".
M
- Madalena: do hebraico "cidade de torres, cabelos penteados".
- Manuel(a): do hebraico "Deus está conosco".
- Mara: do hebraico "amargosa"
- Marcelo(a): do latim "proveniente de marte".
- Márcio(a): do latim "nome que se envoca Júpiter".
- Marcos: do latim "o grande orador".
- Maria: do hebraico "amargura, mágoa, soberana".
- Mário: do alemão "homem por excelência".
- Maristela: do latim "estrela do mar".
- Marta: do aramaico "senhora".
- Mateus: do hebraico "dádiva de Deus".
- Maurício(a): derivado de Mauro.
- Mauro: do latim "Mouro da Mauritânia".
N
- Nadir: do árabe "vigilante".
- Nair: do árabe "a luminosa".
- Neide: do grego "nadadora".
- Nelson: do inglês "filho de campeão".
- Neusa: do grego "a nadadora".
- Nilton: do inglês "de um novo local".
- Nuno: do latim "pai, avô, peixe".
O
- Odair: o mesmo que Adail.
- Ofélia: do grego "serpente".
- Olga: do nórdico arcaico "santa, sacra".
- Olinda: do latim "cheirosa, odorosa".
- Olívia: do latim "a oliveira, a azeitona".
- Osmar: do anglo saxão "ilustrado pelos deuses".
P
- Paloma: do espanhol "terra das palmeiras".
- Pamela: do grego "doçura".
- Paulo: do latim "pouco, pequeno".
- Pedro: do latim "pedra".
- Priscila(o): do latim "velha antiga".
Q
- Quirino: do latim "lanceiro guerreiro".
- Quixote: do espanhol "peça de arnês destinada a cobrir a coxa".
R
- Rafael(a): do hebraico "curado por Deus".
- Raimundo(a): do gótico "protetor poderoso".
- Raul: do inglês "combatente".
- Regina: do latim "rainha".
- Reinaldo: do alemão "variante de Reginaldo".
- Renato: do latim "renascido".
- Ricardo: do alemão "poderoso, senhor".
- Rita: do italiano "forma popular de margarida".
- Rodrigo: do alemão "famoso pela glória".
- Rosa: do latim "designa a flor".
- Rosana: do inglês "rosa graciosa".
- Rui: do alemão "forma apocopada de Rodrigo".
S
- Sabrina: do latim "antigo povo itálico".
- Salomão: do hebraico "prosperidade".
- Samanta: do aramaico "ouvinte".
- Samuel: do hebraico "ouvido por Deus".
- Sandra: forma reduzida de Alessandra".
- Sebastião: do grego "sagrado, reverenciado".
- Silvana(o): do latim "das selvas".
- Sílvia(o): do latim "da selva".
- Solange: do francês "solene, majestosa".
- Soraia: do árabe "estrela da manhã".
T
- Tadeu: do aramaico "o corajoso".
- Talita: do aramaico "menina, donzela".
- Tarcísio: do grego "confiança, coragem".
- Teresa: do grego "ceifeira, caçadora".
- Tiago: forma vernácula de Jacó.
- Túlio: do latim "levar, levantar".
U
- Ulisses: do grego "o irritado, o colérico".
- Urbano: do latim "civilizado, bem educado".
V
- Vágner: do alemão "aquele que faz vagões".
- Valesca: do eslavo "soberana, gloriosa".
- Valter: do alemão "comandante do exército".
- Vanessa: nome ligado a borboletas.
- Vera: do latim "verdadeira, primavera".
- Vitor: do latim "triunfo, vitória".
W
- Wilson: do inglês "filho de William".
- Wilton: do inglês "fazenda da primavera".
X
- Xavier: do espanhol "casa nova".
Y
- Yara: variante de Iara.
- Yuri: do russo "correspondente a Jorge".
Z
- Zacarias: do hebraico "o lembrado de Deus".
- Zélia: do grego "bela".
- Zuleica: do persa "estrela de ouro".


7-Bibliografia:

FREUD, SIGMUND A Interpretação dos Sonhos, Edição C. 100 anos, Imago-RJ.1999

FREUD, SIGMUND Obras Psicológicas Completas versão 2.0
Volume VII - O quadro clínico,o primeiro sonho,o segundo sonho,posfácio.
Volume VI - Determinismo, crença no acaso e supertição – alguns pontos de vista.
A dinâmica da transferência.
Volume XIV- A história do movimento psicanalítico.
Volume XIV- Sobre o narcisismo : uma introdução.

SILVA, Dr. HEITOR ANTONIO DA Interpretação de Sonhos. Isbn.RJ.2000

LAPLANCHE E PONTALIS, Vocabulário da Psicanálise – Martins Fontes, SP-2000

NICOLA ABBAGNANO, Dicionário de Filosofia – Martins Fontes, SP-2000

INTERNET -http:// www.epoca.com.br/edic/ed190499/almana.htm
Introdução A interpretação dos sonhos- Freud

INTERNET - http://www.comciencia.br/reportagens/psicanalise/frameset/silsai.htm
Sonho, o despertar de um sonho
Pré-história do sonho

INTERNET- http://www.ebp.org.Br Cronologia.


Fonte:
http://fundamentosfreud.vilabol.uol.com.br/sonhos.html

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