quarta-feira, 7 de julho de 2010

Totem e Tabu



Em Totem e Tabu Freud compara os ritos de povos primitivos com a neurose, relacionando o significado original do totemismo com o processo pelo qual passa o desejo inconsciente.


O totem (divinização de escultura representando plantas, animais ou antepassado) pode ser definido como instituição primitiva que deixou indícios nas religiões ritos e costumes dos povos civilizados contemporâneos e o tabu (o mais antigo dos códigos não escritos da humanidade) compreende prescrições rigorosas cuja violação traz sérias conseqüências e castigos para os membros de um grupo. Ao que tudo indica, o totem define uma consagüinidade na qual se inscreve uma lei para deter o indivíduo ante o incesto. Por isso Freud considera a renúncia como a base para o tabu.


Evidências encontradas na linguagem e nos costumes apontam para a realidade histórica do matrimonio em grupo em tempos remotos, o que torna compreensível o rigor na proibição de relações sexuais com indivíduos pertencentes ao mesmo totem.


Tanto quanto os povos selvagens, o castigo prescrito pelo tabu relativos a contato com objetos interditados são formas de tornar o objeto impossível. Para Freud é a expressão de desejos inconscientes e dos temores em relação a estes desejos. (desejo de tocar e ao mesmo tempo horror e proibição).


Esta atitude ambivalente, Freud a encontra também no sujeito neurótico: como temem porque desejam tudo o que entra em contato com o proibido fica tão proibido quanto. A proibição recai sobre todos os novos fins eleitos pelo desejo, refletindo desta forma o processo pelo qual passa o desejo inconsciente. É este o paradoxo do cerimonial sem fim dos obsessivos: pretendem interditar o desejo inconsciente mas aproximam-se cada vez mais dele.


Merece especial consideração neste texto o exame feito sobre o tabu que recai sobre as pessoas mortas: as pessoas que tocaram os mortos devem ficar isoladas, o nome do morto não deve ser pronunciado. Isto indica que admitem uma coincidência entre objetos e palavra o que coincide com as descobertas de Freud que insiste na importância dos nomes no pensamento inconsciente. Na vertente psicanalítica, as auto-reprovações no luto falam de um desejo inconsciente de morte. A ambivalência é uma característica da neurose obsessiva e o tabu nasce no terreno da ambivalência afetiva. É neste ponto que os neuróticos obsessivos se comportam como os selvagens.


As fases do deslocamento neste processo:
1)desejo de morte
2)recalque por proibição
3)a proibição fica enlaçada a um determinado ato que como consequência de deslocamento se substitue ao ato primitivo orientado contra a pessoa amada. Desenvolvimento ulterior: o desejo de morte é transformado em temor de que a pessoa morra.


Os pontos em comum são a extensão do tabu do morto a tudo que entrou em contato e o excesso de cuidados. A excessiva proteção dos reis por exemplo, revela uma hostilidade dissimulada. Na elaboração conclusiva, Freud aproxima a figura do pai como o alvo deste desejo de morte. A atitude do selvagem seria uma derivação da atitude infantil em relação ao pai. Através do mito da horda primitiva Freud revela que este desejo é fundante do inconsciente no homem.
Fonte:
http://pt.shvoong.com/humanities/1797246-totem-tabu/






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